Este post nasce de uma troca de posts no Face com o Paulo e não é um texto final. Digamos que pretende ser um draft de algo que ando para fazer há muito tempo e que, hoje, pode começar a nascer, ainda que torto. Obviamente, vai ser para levar pancada, mas acho que temos mesmo que fazer isto para poder avançar.
Vamos lá então!
Durante os quatro anos de Nuno Crato houve uma discussão recorrente nas nossas salas de Professores:
– Maria de Lurdes Rodrigues ou Nuno Crato, qual deles foi pior?
Quero começar por dizer, algo que aprendi no mundo sindical – a dimensão pessoal não é um argumento a usar e por isso, no plano pessoal, ambos me merecem o máximo respeito pessoal. No entanto, no caso de Maria de Lurdes Rodrigues, 8 anos depois, penso que podemos dizer que houve muito de emocional na luta contra as políticas da senhora. A 14 de setembro de 2008, às 23h32, quando encerrei o meu blogue escrevi:
“São vários os motivos que me levam a deixar este espaço que ocupei durante três anos:
– um país de faz de conta em que a pior Ministra da Educação da nossa Democracia é vista como um génio; um Primeiro que o foi antes de ser engenheiro; uma Democracia de faz de conta, onde a cidadania é vista como uma brincadeira; uma profissão que o deixou de ser…
E claro, o desgaste, o tempo que um espaço como este também exige.
Tenho por isso alguma dificuldade em escrever sobre aqueles 4 anos, mas vamos lá à comparação ou seja lá o que isto for:
– Maria de Lurdes Rodrigues (MLR) entrou a 12 de março de 2005 e saiu a 29 de outubro de 2009.
– Nuno Crato (NC) começou a 21 de junho de 2011 e saiu a 30 de outubro de 2015.
Começo pela percentagem do PIB que cada um deles “executou”, isto de acordo com os dados PORDATA e considerando os anos em que tiveram responsabilidade no orçamento:
MLR: 2006 – 4,4; 2007 – 4,1; 2008– 4,1; 2009– 4,8
NC: 2012 – 3,9; 2013– 4,2; 2014– 4,0; 2015 – não se conhece.
Não há, de facto uma diferença brutal, mas em todos os anos de MLR houve mais dinheiro gasto em Educação do que com NC. No entanto, se a comparação da despesa for per capita, então aí, sim, começa a notar-se uma diferença favorável a MLR, que terminou o seu mandato com 805 €, contra os 669€ de NC.
Mas, o dinheiro, só por si, explica pouco, embora denote uma aposta ou não no futuro do país. Será importante perceber onde é que o dinheiro foi gasto e, mais importante ainda, que resultados se obtiveram.
Vamos começar por ver alguns resultados.
– MLR chegou com uma taxa de retenção e desistência de 11,8. No ano lectivo da sua saída (09/10) a taxa era de 7,9. São quase 4 pontos. NC teve taxas sempre superiores a 9 pontos e já está, nos anos mais recentes, com taxas superiores a 10.
– no secundário, em 2005 a taxa de conclusão era de 52.6 e cresceu até 69,6 em 2009/2010. Obviamente, com NC, este números andaram para trás: 66 em 13/14 e com tendência para baixar.
– No 1º ciclo, 2013/14 teve a pior taxa de retenção desde 2004, algo que se repete no 2ºciclo. Palpita-me que, estes piores desempenhos vão ter consequências nos próximos ciclos em breve.
– em todos os ciclos do ensino básico, bem como no secundário, as taxas de MLR são melhores quando comparamos a saída com a entrada. NC tem, também em todos, resultados piores e a descer. Ainda, no que diz respeito aos alunos, em 2004/05 , em todos os sectores (incluindo o superior) 153152 terminaram o seu “curso”. Em 2009/2010 eram 341 001. Ora, com NC, em 13/14 temos 317758. Mais um indicador a descer.
– em 2004/2005, a relação aluno / Professor era mais baixa em todos os sectores, quando comparado com 2013/2014 – no 2º ciclo, por exemplo, passou de 7,0 para 10,3.
Termino, por agora, com uma conclusão: nos 4 anos de MLR houve mais dinheiro gasto em Educação e boa parte dos indicadores relacionados com o sucesso dos alunos são claramente melhores quando o investimento foi também maior.
Continuarei esta série nos próximos dias. Penso escrever sobre as políticas que considero positivas / negativas de um e de outro, da forma como se relacionaram com os professores e sobre outras coisas a considerar mais para a frente.
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